Papado
de Bento 16 viu avanço de Islã e evangélicos
Daniela
Fernandes (De Paris para a BBC Brasil)
Dados
mostram estagnação do número de fieis católicos no mundo durante papado de
Bento 16
O
pontificado do Papa Bento 16 foi marcado pela estagnação no número de católicos
no mundo e, ao mesmo tempo, pelo avanço de outras religiões, inclusive cristãs,
como o neopentecostalismo.
Em
2005, quando Bento 16 iniciou seu pontificado, o total de católicos, de quase
1,1 bilhão de pessoas, correspondia a 16,8% da população global, segundo a
Enciclopédia Cristã Mundial.
Em
2010, último dado disponível, o número de católicos passou para 1,17 bilhão,
representando os mesmos quase 17% da população mundial.
Nesse
período, a população do planeta aumentou em quase 390 milhões de pessoas,
atingindo 6,9 bilhões em 2010.
O
total de muçulmanos no mundo passou de 1,41 bilhão para 1,55 bilhão entre 2005
e 2010, de acordo com a Enciclopédia Cristã Mundial. Nesse período, eles
avançaram de 21,8% para 22,5% da população mundial.
O aumento
dos fiéis muçulmanos durante o pontificado de Bento 16, de 140 milhões, é quase
o dobro do registrado pela Igreja Católica no período, que foi de 75 milhões de
pessoas, sobretudo em países da África e da Ásia.
Os
evangélicos, que já são a segunda maior corrente dentro do cristianismo, vêm
registrando um crescimento expressivo e também rápido nos últimos anos.
Em
2005, havia cerca de 500 milhões de evangélicos (entre pentecostais,
neopentecostais e carismáticos) no mundo, de acordo com a Enciclopédia Cristã
Mundial.
Eles
representavam cerca de um quarto da população cristã global (2,1 bilhões em
2005). Em 2010, o número de evangélicos pulou para 583,2 milhões, um aumento de
quase 17% no período.
Em
2005, os evangélicos totalizavam 7,3% da população mundial. Cinco anos depois
(e 390 milhões de pessoas a mais no mundo), eles já haviam pulado para quase 9%
da população global.
O
Brasil, que possui a maior população católica do mundo (133,6 milhões),
superior à da Itália, França e Espanha reunidas, se tornou também, devido aos
evangélicos, o segundo maior país cristão do mundo, afirma o Pew Research
Forum, dos Estados Unidos.
Segundo
dados divulgados pelo IBGE no ano passado, o número de evangélicos no Brasil
cresceu 61% entre 2000 e 2010, subindo de 26,2 milhões para 42,3 milhões no
período.
A
proporção de evangélicos em relação à população brasileira avançou de 15,5%
para 22,2%, de acordo com o IBGE.
O
número de católicos, no entanto, foi reduzido de 73,6% dos brasileiros para
64,6% nesse prazo de dez anos. A população total do Brasil, segundo o censo de
2010 do IBGE, é de 190 milhões de pessoas.
Globalmente,
os evangélicos representam a grande maioria dos pouco mais de 800 milhões de
protestantes no mundo.
Os
católicos totalizavam em 2010 cerca da metade dos quase 2,3 bilhões de cristãos
que existem no mundo, de acordo com dados da Enciclopédia Cristã e do estudo
Panorama da Religião Global, do Pew Research Forum, publicado em dezembro
passado.
Os
cristãos em geral continuam representando, desde 2005, cerca de 32% da
população global, segundo a Enciclopédia Cristã Mundial.
Na
Europa, o número de católicos também vêm caindo progressivamente nos últimos
anos, segundo estudos.
De
acordo com o European Values Study, o número de católicos em 2008 (último dado
disponível) era de apenas 36,7% da população do continente. Duas décadas antes,
era mais de 60%.
O
desenvolvimento de um espírito crítico em relação à religião, o individualismo
decorrente da progressão social e o um estilo de vida mais urbano são fatores
apontados por especialistas para explicar o declínio da prática religiosa
cristã na sociedade europeia.