Repercutindo o repercurtido

Publicado no Jornal de Patrocínio de 22/10/2011
OU ASSOBIA...OU CHUPA CANA

Artigo de Dr. Wilson Fernandes Veloso

Os jornais da terra, notadamente o Jornal de Patrocínio, publicaram em suas edições da semana volvida, entre outras, duas notícias que merecem nossa preocupação e especial meditação.

Desde meus tempos de incipiente jornalista, nos idos de 1947/48, sempre entendi a imprensa escrita como a mais autêntica e legítima tribuna de um povo que se pretende ser livre.

Agora mesmo, como já afirmado, este jornal trouxe à luz uma informação sob a responsabilidade de seu redator chefe, na qual denuncia como fato grave “Hospitais sem pediatras em plantão”!

Na mesma edição, aparece um Secretário Municipal que, pretendendo responder às críticas que lhe teriam sido dirigidas por alguns vereadores do nosso Legislativo, acaba nos “brindando” com um arremedo de democracia e um esgarçado espírito público, afirmando entre outras pieguices, que as censuras a ele direcionadas, “vindo de quem vem...” não lhe preocupam...

Sobre o tema primeiro – a falta de médicos pediatras nos plantões hospitalares pela importância do assunto e pela gravidade da denúncia, merece um tratamento com maior profundidade, visto que, de suas consequências são vítimas dezenas de crianças, pobres e ricas, que não podem, elas próprias, explodirem em suas revoltas, não podem bradar suas indignações quando lhes falta, na hora da dor, no momento de um ataque febril ou frente a uma traiçoeira agressão infecciosa, quando nessas horas lhes desaparece a figura consoladora e até carinhosa do médico pediatra.

É a síndrome do caos!

Mas, na outra ponta da linha, está a “briga”, por assim dizer, do Secretário de Desenvolvimento Sustentável e Fomento Econômico do Município (nome é suntuoso e... complexo!) com alguns Vereadores.

Nesta altura dos acontecimentos, já pouco nos importa saber como eram antes, como são agora ou como serão no amanhã os problemas tratados e discutidos pelos respectivos Vereadores, cuja abordagem tanto feriu a sensibilidade do sr. Secretário, cuja indignação o teria levado às bisonhas catilinárias de que nos dá notícias a publicação comentada.

Não conheço pessoalmente o sr. Secretário e, por outro lado, não faço parte da copa ou da cozinha de qualquer dos Vereadores, mas valendo-me do grande pensador ecumênico, digo – ”posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-las”.

Acredito, sem a pretensão de ser didático, que um homem que se dispõe ou aceita uma missão pública, deve estar seguro de ostentar entre outras qualidades, imprescindíveis para o exercício do cargo, a educação e a humildade para admitir seus erros e saber corrigí-los.

Mesmo que um Secretário Municipal necessite, no exercício de suas atribuições, afastar-se de seu gabinete “todo dia...”, para ser “visto toda hora na rua, discutindo com empresários, visitando nossos pequenos empresários, viajando...” por força desses mesmos ofícios e de suas próprias atribuições, o gabinete apropriado para o trato desses problemas não pode e nem deve ser na rua.

Por força de conseqüência, se alguém, principalmente quando esse alguém se acha revestido de um mandato emanado do Povo e precisar ser recebido por um Secretário Municipal, expor-lhe os problemas da comunidade e buscar soluções, não nos parece induvidoso que o local para esses encontros só possa ser o gabinete na respectiva Secretaria e... jamais na rua, ou nos bares e nem mesmo nas ante salas de outros empresários....

Se o próprio Secretário em causa confessa e se declara ser um “empresário, meu lado financeiro, meu modo de vida é das minhas empresas. O meu objetivo, o meu ideal é ser empresário...” não nos resta qualquer dúvida de que seus afazeres públicos foram relegados a um terceiro patamar.

Não me assiste, como simples cidadão do povo e acredito que também aos vereadores envolvidos na discussão, o direito de adentrar em questões ou assuntos que digam respeito à vida particular ou empresarial de Sua Senhoria, o sr. Secretário.

Mas é fora de qualquer questionamento o fato de que, a partir do momento que o mesmo aceitou o convite que deve lhe ter sido formulado pelo Prefeito, ou seus prepostos, para exercer um cargo público, deve-se, desde aquele momento, vestir a camisa que emoldura as atividades do cargo e suportar o “múnus” dele decorrentes.

O que está evidente, à luz de suas próprias declarações, é a impressão de que o sr. Secretário possa ser um festejado empresário, mas inegavelmente, como titular de uma Secretaria Municipal, falta-lhe alguns predicados inerentes à função e até uma boa dose de espírito público... Ser as duas coisas ao mesmo tempo... não é fácil!

Entenda melhor clicando aqui e aqui.